Acordei cedo na
quarta-feira, o dia não me intimidou, não mais, a disposição depressiva que era
constante em mim nos últimos anos, simplesmente tinha sumido. Minha cabeça
estava leve, todo o embaraço que eu sentia tinha se resolvido, tudo parecia
simples e certo. Quando cheguei para tomar café no bar, Raimundo estranhou.
- Caiu da cama? –
disse ele.
- Bom dia! – respondi.
- Um café?
- Faz um pão na
chapa também, por favor.
Tomei meu café e
fui até a praça, ela estava cheia. Tudo era igual, jovens matando aulas,
turistas de sempre tirando fotos ridículas na frente daquele semáforo enorme,
vagabundos vendo o tempo passar, mas eu estava diferente. Fiquei lá algum tempo
e foi só então que percebi que na rua detrás da praça, à direita, havia uma
loja gospel. Precisava comprar uma Bíblia, queria saber mais sobre histórias
como a de Bartimeu, me levantei e fui até lá.
Márcio, o dono da
loja, gentilmente me auxiliou numa edição ideal para novos convertidos, com um
guia diário de leitura e explicações sobre as doutrinas básicas e comuns à
maioria dos evangélicos. Então voltei ao banco da praça, conforme orientação do
lojista, abri no evangelho de João e comecei a ler.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas
foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito existiria. A
vida estava nele e era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as
trevas não prevaleceram contra ela.”
Eu já tinha aberto
uma Bíblia outras vezes na minha vida, mas agora era diferente, eu entendia o
que lia, era como se uma trava tivesse sido arrancada de meus olhos, as
palavras queimavam meu coração, saltavam das folhas. Sim, a luz de Deus tinha
nascido nas minhas trevas, agora o dia tinha sabor e a noite não me traria mais
medo, enfim, eu tinha esperança. Naquela sentada na praça eu li o evangelho de
João inteirinho, quando me levantei já passava do meio-dia, então voltei ao bar
para tomar um lanche.
No domingo daquela
semana, eu fui à igreja de manhã, para participar da escola bíblica, comecei a
frequentar a classe de novos convertidos para preparar-me para o batismo. Fui
também ao culto da noite e quando o pastor fez apelo para consagração de vida,
eu tornei a ir à frente. Para os outros pode até parecer repetitivo, mas a
mesma coisa fica melhor e nunca nos entendia quando estamos apaixonados. Eu
queria novamente declarar meu grande amor por Jesus, diante de todos, eu estava
apaixonado, descobri depois com o tempo que a paixão que vivemos com Deus nunca
acaba.
Na frente do altar,
no meio de tantas pessoas, algumas de pé, como eu, outras ajoelhadas, algumas
caindo ao chão de êxtase, muitas chorando, eu louvava a Deus. Enquanto
agradecia, ainda sem saber orar direito, meio desajeitado, senti um calor no
peito, uma sensação prazerosa maior que tudo, então, no meio de glórias a Deus
e de obrigado Senhor começaram a aparecer palavras estranhas, parecidas com as
que eu já tinha ouvido de outras pessoas na igreja. Era algo diferente, porque
minha cabeça não sabia o significado delas, mas meu coração se sentia consolado
e confortado por elas. Aquilo foi aumentando e então não eram palavras soltas,
mas frases inteiras ditas naquela língua dos anjos.
Quando o pastor
percebeu o que acontecia comigo ele se aproximou e me disse: “não tenha medo,
meu irmão, você está sendo batizado pelo Espírito Santo, você recebeu o dom de
línguas estranhas, Deus está te capacitando para viver a nova vida para qual
ele está te chamando”. Eu não queria entender, não precisava, naquele momento
eu abri mão de toda racionalidade que ainda me prendia e deixei Deus meu levar
em suas asas. Naquele momento eu tive toda a certeza que precisava que não
estaria sozinho no novo caminho que me abria, eu teria a presença do Espírito
Santo consolador para me ajudar e ensinar. Mais tarde eu descobri que o Senhor
tinha me presenteado com vários dons, não somente com o de línguas estranhas.
Embriagado de Deus,
naquela confusão santa, vivenciando um pedacinho do céu na terra, como eu já tinha
tomado uma decisão de conversão antes, não precisei sair do templo com os
diáconos. Contudo, voltando ao meu lugar para me sentar, olhei e não o achei
livre, então busquei por outro. Enquanto me sentava, os avisos de final de
culto estavam sendo dados, após isso todos foram convidados a se levantar para
receber a bênção apostólica. Quando abri os olhos, após a impetração da bênção,
ainda com eles abaixados, vi no chão os pés de uma pessoa, eles estavam
calçados de tênis, era um par de All star azul.
Foi como se um copo
de água fria tivesse sido jogado sobre meu rosto, vi aquele tênis e me lembrei
do sonho que havia tido há algumas semanas atrás. Então, ainda assustado, olhei
para o rosto da pessoa. Se eu estava assustado, eu fiquei então paralisado, a
pessoa era Cíntia. Ela havia se sentado ao meu lado, durante a oração final,
pois tinha voltado da sala com os diáconos. Cíntia, a minha assassina frustrada,
era a moça do meu sonho, ela estava ali na igreja e tinha acabado de fazer uma
decisão por Jesus.
- Cíntia?! – eu
disse, e foi só então que ela olhou para o lado e me viu.
- Zé? – disse ela
tão surpreendida quanto eu.
Nós não dissemos
mais nada, nos olhamos assustados por um instante de mil anos, aqueles que
parecem que o tempo para, que ninguém mais existe, somente nós e a pessoa. Tudo
o que aconteceu em minha vida desde aquele sonho, os dez encontros, a arma na
minha boca, voltou à minha cabeça. Nada foi dito, mas nós dois entendemos bem o
que estava acontecendo, não nos restava nada a fazer senão nos abraçarmos.
- Que bom que você
está aqui – eu disse, apertando-a em meus braços.
- Zé, me perdoa, me
perdoa mesmo, acabei de ter a experiência mais importante da minha vida – disse
ela afastando-se um pouco do abraço e me olhando com os olhos aguados.
- Eu sei, eu sei,
eu também tive essa experiência na terça-feira. Vim aqui através do folheto que
você deixou em casa.
- Esta é a igreja do
meu padrasto, ele está ali embaixo com minha mãe e meus irmãos – eu os vi,
alguns bancos à frente.
Devagar, junto
daquele povo barulhento e feliz, nós nos pusemos a sair do templo, o pastor
estava à porta. Antonio era seu nome, um homem magro, alto, com uma calvície
que lhe conferia charme. Extremamente simpático, culto e de fácil acesso, qualidade
de homens vividos, sábios e humildes, ele nos cumprimentou com um sorriso
iluminado no rosto. Sua esposa, Miriam, ao lado dele, uma nordestina baixinha, carismática
e cheia do Espírito Santo, também nos saudou. As portas daquele lugar estavam
escancaradas para que eu começasse minha caminhada com Jesus.
Eu e Cíntia fomos
tomar o café do Rai, desta vez eu me sentei à mesa com Cíntia, tinha muito para
conversar com ela. Eu contei a ela sobre o sonho, na minha cegueira eu não
percebi seu tênis, quando ficamos trancados na casa, ela disse que nunca o
tirava do pé, mas eu entendi que aquele sonho tinha sido algo sobrenatural, uma
revelação de Deus.
- Como você conheceu
Breno? – eu perguntei.
- Que Breno? – ela
respondeu.
- Aquele que te
pagou para me matar.
- Não conheço
nenhum Breno.
- Meu Deus,
novamente isso, o Raimundo, o amigo ali que nos fez este café delicioso, também
jura que nunca viu o Breno, e eu conversei com ele várias vezes aqui no bar.
- Zé, eu fiz o
negócio num centro de umbanda.
- Como assim?
- Minha amiga Jackeline
me levou a um centro, eu queria um jeito de ficar com Eliza, precisava de
dinheiro, achei que aquilo podia me ajudar. Quando consultei a mãe de santo,
ela me disse que se eu quisesse auxílio das entidades, eu teria que lhes fazer
um favor, um sacrifício, matar uma pessoa.
- E quem te pagou?
- Ninguém, se quer
saber, nem iam me pagar, agora eu sei, estava tudo errado.
- Então não foi o
Breno que te contratou?
- Não conheço
nenhum Breno, Zé – eu não consegui entender, mas deixei pra lá.
- E agora, o que
você vai fazer da vida?
- Sosseguei, quero
ir à igreja, quero mais de Deus, eu senti sua presença de uma maneira que fez
parecer tudo o mais, menor. Não que eu não sinta saudades de Eliza, mas isso
agora não parece tão importante.
- Eu entendo,
também me sinto assim, coisas que eu dava tanta importância, agora parecem tão
pequenas. Também quero seguir com Deus, aprender mais sobre ele. Que coisa maravilhosa
é orar, sentir a presença dele, hoje eu fui batizado com o Espírito Santo.
- E como é que é?
- A gente perde
tanto tempo tentando entender as coisas, explicar as coisas, quem somos nós
para entender a cabeça de Deus?
- Mas quando nos
convertemos recebemos a mente de Cristo, a diaconisa disse isso pra gente hoje,
na salinha.
- Só a mente de
Cristo para entender a cabeça de Deus.
- Estou feliz, Zé,
como nunca estive.
- Eu também, eu
também.
Conversamos, rimos,
choramos, fiz ali uma amizade para o resto da vida, quantas coisas eu viveria
com Cíntia, quantas bênçãos de Deus nós experimentaríamos juntos. Que loucura
são os caminhos de Deus, aquela que era para me matar foi quem me deu o
endereço da vida, e agora vivia essa vida junto comigo, só Deus, só Deus.
Naquela noite eu
cheguei em casa, tomei um copo de leite puro com biscoitos e fiquei na sala,
sentado, nem pensei em Celma, ela agora realmente tinha virado passado. Só se
torna passado presente ruim que é substituído por presente bom. Enquanto não
substituímos um presente, porque não temos nada melhor do que ele, ele continua
vivo e não passa. Agora eu tinha um bom presente, que me dava esperanças de um
futuro melhor ainda. Celma não me prendia mais, não vivia mais nas minhas
memórias, eu finalmente tinha conseguido sepultá-la, agora ela era realmente
passado, e um passado que não me interessava.
Não liguei a
televisão, era tão bom estar comigo mesmo, porque agora eu não estava sozinho,
Jesus era um amigo que nunca mais me deixaria. Eu coloquei o copo no braço do
sofá, relaxei o corpo, abri as pernas, abri os braços e disse: “muito obrigado
Senhor”, depois desse agradecimento, as línguas estranhas jorraram de minha
boca, transbordando meu coração de felicidade. Nesse enlevo eu fui para o
quarto, me despi e me deitei. Adormeci no instante que meu corpo se reclinou,
fui então arrebatado por Deus em sonho.
Eu enxergava o
quarto, mas me via além dele, eu andava por uma estrada, era um caminho
estreito, longo, dos meus lados havia precipícios escuros, repletos de
monstros, com rostos e membros deformados. Por alguns momentos essas
monstruosidades me amedrontaram, eu tive dificuldades para olhar para frente. O
caminho, contudo, era iluminado, e cada passo que dava mais seguro sentia-me,
menos atraído pelos monstros eu era.
Lá na frente um céu
azul iluminado se abria, era uma luz diferente, não era do dia, não era do sol,
não era das estrelas, ia além de tudo isso. À medida que eu me aproximava eu
conseguia discernir as coisas, não era uma luz uniforme, mas seres, centenas
deles, alguns muito altos, varões de quase três metros de altura.
Os que estávamos no
chão não tinham asas, pareciam homens comuns, os que flutuavam acima do chão
tinham um par de asas, pareciam soldados, esses tinham longas espadas em suas
mãos, eram enormes. Mas no alto, havia outros tipos de seres, esses com três
pares de asas e acima deles um clarão que eu não podia contemplar.
Tive medo de
morrer, mas não era um terror do mal, era um temor espiritual, senti que estava
diante de algo que eu não merecia presenciar. Com os olhos presos ao alto, eu
não percebi quando dois seres se aproximaram de mim pelo chão, dois daqueles
que não tinham asas.
- Zé – um deles me
disse, então eu abaixei os olhos e os vi.
- Quem são vocês? –
perguntei tomado de temor.
- Somos anjos do
Deus altíssimo, não nos reconhece? – então meus olhos se abriram e eu entendi,
eram aqueles dois que tinham falado comigo na praça.
- Vocês, os homens
da praça...
- Deus te ama muito
e tem um plano para sua vida, um plano especial, uma missão que só você poderá
desempenhar.
- Quem sou eu... –
disse, consciente de minha humanidade.
- Desde teu
nascimento Deus tem te guardado. Quando seu pai se ligou a religiões satânicas,
você foi protegido, você não sabe, mas foi consagrado a Lúcifer numa reunião de
uma ordem secreta de iniciação. Como os demônios não puderam usá-lo, eles
tentaram matá-lo, por isso esse desejo de morte que você tinha.
- Eu me sentia
amarrado a algo que não conseguia me desprender, mas agora estou livre...
- Jesus te
libertou, não temas, nós, somos apenas mensageiros e soldados espirituais, a
sua força está em Deus através do nome de Jesus. Quando pecar, peça perdão em
nome de Jesus, quando se sentir fraco e amedrontado, use da autoridade que há
no nome de Jesus para se fortalecer e tomar posse da paz. Sempre que você pedir
algo em nome de Jesus, Deus moverá céus e terra para te proteger. Dois de nós,
aqueles com as espadas nas mãos, te guardarão durante a noite, enquanto você
dorme, para que sempre descanse em paz.
- Glória a Deus –
meu coração começou a se transbordar de louvor, comecei a perceber a realidade
espiritual, o privilégio que têm somente aqueles que caminham com Jesus.
- Eles também
seguirão contigo durante o dia, por onde quer que você ande, e lutarão por você
contra as hostes do mal, basta que você use a autoridade que tem no nome de
Jesus Cristo, o primogênito do altíssimo. Jesus é aquele que nasceu, viveu e
morreu sem pecado, e ressuscitou e vive à destra de Deus pai para interceder
por você e por todos aqueles que se dobram diante do criador e Senhor de tudo o
que há.
- Quem é Breno? –
eu perguntei, mas foram os anjos que colocaram as palavras na minha boca,
entendi naquele momento um mistério, quando estamos em comunhão com Deus temos
a liberdade de provar a existência nele, tudo vem dele e volta para ele, Deus
nos responde as perguntas que ele mesmo faz através de nós, porque essas são as
únicas perguntas que importam ser respondidas, pois são espirituais e não
carnais.
- Deus permitiu que
um demônio, líder de legião, se aproximasse de você e tentasse sua vida. Breno
não é homem, mas anjo caído. Foi uma experiência terrível que você teve, mas
que você mesmo buscou, quando quis desistir da vida. No estado de cegueira
espiritual que se encontrava, você nem conseguia discernir realidade de
opressão maligna. Foi esse mesmo espírito que se comunicou com a moça naquele
lugar e a convenceu a tentar matá-lo.
- Breno é um
demônio? – eu não falei, apenas pensei, deitado na cama e assistindo tudo
aquilo.
- Sim, enganado por
sua arrogância o demônio não sabe que Deus apenas permite uma atuação limitada
sua, para que possa no final ensinar algo importante a um amado seu. Você é
amado de Deus, Deus conhece seu coração, sabia que seu desejo de morte não era
final. Muitos pedem isso, insistentemente, e conseguem, porque pecam contra o
Espírito Santo e não podem mais se arrepender. Contudo, Deus sabia que você
ainda não tinha chegado a esse ponto, por isso te deu uma oportunidade, te
livrou da morte e te ressuscitou.
- Glória a Deus –
eu dizia.
- Toma posse agora
da chamada que você tem e segue em frente, pois muito você tem para fazer na
obra de Deus, muitos se converterão ao Altíssimo através de sua vida.
Dizendo isso o anjo
tocou o meu ombro esquerdo com sua mão direita e eu então acordei. Peguei a
Bíblia que estava no criado mudo ao meu lado e abri, assim dizia o texto que li
no livro de Jeremias, capítulo 1, versículos 17 ao 19:
“Prepara-te, levanta-te e dize-lhes tudo
quanto eu te ordenar. Não te apavores por causa deles, para que eu não faça com
que te apavores na presença deles. Hoje te ponho como cidade fortificada e como
coluna de ferro e muros de bronze contra toda a terra, contra os reis de Judá,
contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes e contra o povo da terra.
Eles lutarão contra ti, mas não te vencerão, porque eu estou contigo para te
livrar, diz o SENHOR.”
Começava ali a
minha vida, ali eu começaria a escrever minha história, e não a apagaria mais,
como tinha feito antes. Deus iniciava um livro com a minha vida, um livro que
seria lido por muitos, que curaria a muitos, e que levaria muitos à vida eterna
através do nome único, precioso e poderoso de Jesus Cristo.
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“Porque os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos são os meus caminhos, diz o SENHOR. Porque,
assim como o céu é mais alto do que a terra, os meus caminhos são mais altos
que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos que os vossos
pensamentos.”
Isaías 55.8-9
Quem conhece aquilo
que está dentro do coração do homem? Nem o homem, seu dono, conhece. Graças a
Deus que ele pensa de nós muito mais do que nós pensamos de nós mesmos. Graças
a Deus que ele faz por nós o que nós não esperamos e nem merecemos. Graças a
Deus que depois de toda morte que provamos, queremos e mesmo que outros desejam
para nós, Deus nos dá a vida, uma nova vida, uma vida abundante de paz e de
vitória, para que possamos servi-lo, sermos felizes e fazer felizes muitos
outros.
O recomeço não parte
necessariamente de um evento real, não é por isso que as pessoas recomeçam, o
recomeço é essencialmente reaver a possibilidade de sonhar. O ser humano sonha
quando é criança, mas a criança morre com a consciência do erro que traz culpa
ao coração. Jesus nos faz crianças novamente quando nos permite nascer de novo
sem que morte da carne seja provada. O nascimento é espiritual, nosso coração
vazio passa a provar a presença de Deus através de seu Espírito Santo, é o
Espírito Santo que nos faz sonhar, sonhos não mais nossos, mas de Deus. Esse é
o único evento real que pode fazer um ser humano efetivamente sonhar.
Recomeçar é poder
sonhar novamente, e aquilo que é apenas um abstrato de nosso coração não atrai
para uma nova vida. O início do recomeço com Deus é quando esse coloca em nosso
interior um novo projeto, esse projeto é um esboço do caráter de Jesus. Deus
seguirá a partir daí esse esboço para produzir em nós uma nova criatura. Cada
camada será colocada com cuidado, cada parte, do fundamento, aos alicerces,
passando pelas paredes, depois o teto, até o acabamento final e estético.
É isso o que Deus
deseja para nós, sermos semelhantes a Jesus, é isso que o Senhor começou a
fazer na vida do Zé Renato, nosso personagem, personagem esse tão parecido
comigo, Zé Osório, com tantas dores e dissabores em comum. Eu agradeço a Deus,
de todo o meu coração, por ele ter sonhado comigo, muito antes que eu sonhasse
com ele, ou com a possibilidade de viver uma vida feliz. Mas Deus não apenas
sonhou, ele trabalhou por mim, desceu a esse mundo e sofreu tanta injustiça de
boca fechada para arrebatar a minha vida do inferno.
Escrevi este livro
em oração, em temor eu o comecei e o terminei, sempre pedindo a Deus inspiração
e revelação para cada frase, cada personagem, esperando no meu Senhor que alguma
das várias histórias escritas aqui, muitas baseadas em fatos reais, ache nos
corações dos leitores um ponto em comum, para poder então criar uma ponte entre
o romance e as vidas reais, entre os homens e seu criador. Nessa empatia,
espero que Deus abençoe as pessoas, as faça refletir, e descubra como Zé Renato
descobriu, como eu, Zé Osório, descobri, que Deus existe, nos ama, e pode fazer
o impossível por aqueles que confiam nele de todo o coração, além da razão,
apesar da emoção, e com toda a fé.
“Ele nos tirou do domínio das trevas e nos
transportou para o reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, isto é,
o perdão dos pecados.
Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda a
criação; porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as
visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam poderes; tudo foi criado por ele e para ele.
Ele existe antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste; ele
também é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio, o primogênito dentre
os mortos, para que em tudo tenha o primeiro lugar.”
Colossenses 1.13-18
- FIM -
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